Hoje fui convidado a uma reunião e fomos instigados a listar quais as dores dos times nos quais atuamos.
Primeiro colega listou algumas, segundo e terceiro também. Enquanto isso eu refletia.
Tenho privilégio de trabalhar com um time formado majoritariamente por pessoas acima dos 30 anos DE MERCADO, eu sou exceção. Com frequência eles me contam como foi a trajetória deles, os problemas e desafios que enfrentavam enquanto eu jogava bolinha de gude.
Ouvir aquelas dores me ligou direto às histórias que ouvi e as que vivi nos meus humildes 20 anos em TI (parte com hardware e maioria com software).
Naquele momento tive clareza de que as dores continuam as mesmas:
- Falta de escopo definido
- Time pequeno
- Pouco prazo
- Conflito de projetos
- Falta de conhecimento da tecnologia
- Turnover
- etc
Daí questionei se estávamos olhando pro lado certo, fiz uma provocação e compartilho com vocês.
Olhar somente para as dores e buscar tratamento para elas pode nos levar a mascarar problemas e passar a ignorá-los, vendo-os se repetirem continuamente como se fosse causa quando são apenas sintomas.
Colocar mais pessoas em um time pequeno resolve uma dor, mas ainda precisamos refletir as causas que levaram o time a ser pequeno; talvez o produto ganhou escala; quem sabe as pessoas estão se desligando da empresa com muita frequência; a priorização pode estar equivocada. Muitas são as possíveis causas para gerar um mesmo sintoma(problema, dor).
De forma semelhante exemplifiquei outros cenários nos quais aliviar a dor não resolvia o problema e de repente começaram a surgir relatos entre os presente de times que já haviam passado pelo que os outros estavam passando.
Finalizei com uma proposta de discussão sobre três temas que, no meu modo ver, englobariam os grandes temas trazidos como dores. Certamente, concluí, ainda teremos que tomar atitudes para amenizar a dor, mas precisamos buscar as causas e trabalhar nelas, a fim de buscar uma melhoria continuada e sustentável.
Os três temas
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Diversidade
Parece-me já ter algo errado em uma reunião com 11 lideres e todos serem homens. Para além dessa diversidade rica e importante, precisamos também pensar se temos os conhecimentos necessários para concluirmos um projeto, ou seja, se o time não está “desequilibrado intelectualmente” chegando a criar pontos cegos nas discussões e implementações. -
Comunicação
Especialmente em ambientes “ágeis” (já tenho uma certa birra do termo) em que se busca dar autonomia às pessoas e times, torna-se imprescindível uma comunicação clara e objetiva de cada pequeno movimento feito. A ideia de adaptar-se a mudanças não implica fazer de qualquer jeito e depois corrigir, ao contrário, ela indica responsabilidade em fazer bem feito ao ponto de poder ser mudado sem jogar fora. Essa responsabilidade é compartilhada entre cada membro do time e entre times e ter um nível de comunicação maduro é ferramenta chave para o sucesso nessa empreitada. -
Treinamento
Os dois tópicos anteriores se somam a um sem número de outros técnicos, comportamentais, culturais, interpessoais, regionais e de negócio, que precisam ser treinados e aperfeiçoados continuamente pelos times. Sou defensor que em uma jornada de oito horas de trabalho, ao menos duas sejam utilizadas na capacitação das pessoas, vou um pouco mais além para dizer que a capacitação de um excelente técnico passa por fatores humanos, logo, essa pessoa deveria ser treinada em coisas que a façam se sentir motivada e engajada, tipo, violão, canto, dança, literatura, desenho, esportes…Mas claro, faz sentido incluir engenharia de software, linguagens, frameworks, bancos de dados, etc.
E aí, os problemas que você vê hoje são os mesmos de anos atrás?
Os três temas fazem sentido para você? Acrescentaria algum outro?